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O que você precisa saber sobre a Terapia Cognitivo Comportamental

Fundamentos da Terapia Cognitivo-Comportamental

O que é a Terapia Cognitiva Comportamental? Quem fundou? E quais são os seus fundamentos?
Descubra tudo isso no nosso texto do dia.

Os fundamentos da Terapia Cognitiva Comportamental foram influenciados pela filosofia Estóica de Epíteto, Cícero e Sêneca que já colocavam que:

  1. O modo como se age ou comporta-se pode afetar profundamente os padrões de pensamento e cognição. 
  2. As cognições têm influência controladora sobre as emoções e sobre o comportamento.

O estóico Epíteto escreveu no século primeiro a seguinte frase: “Os homens não se perturbam pelas coisas que acontecem, mas sim pelas opiniões sobre as coisas.”

 A ideia de que desenvolver um estilo saudável de pensamento pode reduzir a angústia também é antiga e comum entre gerações e culturas. O filósofo Zoroastro escreveu sobre pensar bem e falar bem. Os filósofos europeus Kant, Heidegger, Jaspers e Frankl continuaram a desenvolver a ideia de que processos cognitivos conscientes são importantes para a existência humana.

O psiquiatra Aaron Beck foi o primeiro autor a organizar (em 1960) um método interventivo cognitivo e comportamental para tratar transtornos emocionais. Ele é americano e foi para a Universidade da Pensilvânia dar aula. Então começou a pesquisar sobre a depressão a partir da perspectiva da psicanálise que era abordagem que atendia na época. Mas, através de suas investigações práticas percebeu que pacientes depressivos tinham formas de pensar muito semelhantes, diferente do que Freud postulou. Decidiu então agir sobre isso e estabelecer uma nova forma de tratar esses pacientes. 

Beck entendeu que as cognições eram responsáveis pela visão que um indivíduo tinha sobre as experiências que vivia e que os problemas psicológicos tinham muito a ver com a história de vida do sujeito e como ele pensava. Era como se cada pessoa usasse a lente de sua história para enxergar a vida.

É uma terapia diretiva, estruturada e que coloca o paciente para agir sobre suas próprias cognições, ou seja pensar sobre o próprio pensamento (metacognição).

Separamos 6 fundamentos da TCC que te ajudarão a compreender melhor o que é esta terapia.

Modelo Cognitivo

O Modelo cognitivo envolve 3 níveis de cognição: os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias e as crenças centrais. Os pensamentos automáticos estão no nível mais superficial da consciência e são cognições rápidas e espontâneas que atuam na fronteira da consciência. A ocorrência de pensamentos automáticos têm influência sobre como os pacientes interpretam e reagem a situações do dia a dia, inviabilizando uma percepção clara da realidade. As crenças intermediárias são um conjunto de regras, atitudes ou suposições. São afirmações do tipo “deveria” que se apresentam de modo inflexível e imperativo. Elas norteiam os comportamentos do sujeito, são muito imperativas e estão diretamente ligadas às crenças centrais. Já as crenças centrais são aquelas desenvolvidas na infância através das interações do indivíduo com outras pessoas significativas e da vivência de muitas situações que fortaleçam essa ideia. Podem estar relacionadas com o próprio indivíduo, com o outro ou com o mundo.

Duração e formato da Terapia:​

A TCC é uma terapia voltada para o problema e costuma ser aplicada em um formato de curto prazo. Por exemplo, o tratamento para depressão ou transtornos de ansiedade descomplicados normalmente acontece de 5 a 20 sessões. Porém, casos mais complexos podem precisar de mais sessões. A duração das sessões costuma ser de 45 a 50 minutos. O olhar da terapia tem foco no aqui e agora e isso auxilia na tomada de decisão para elaboração do plano de tratamento.

Reestruturação Cognitiva:​

É o processo em que as cognições disfuncionais são alteradas para cognições mais adaptadas e funcionais. Ou seja, o indivíduo a partir das técnicas da TCC identifica e modifica sua forma de pensar e consequentemente de se comportar. Para esse processo utiliza-se técnicas que envolvem o questionamento dos pensamentos que “atrapalham” a vida do paciente.

Conceitualização de caso:​

É uma estratégia cuidadosamente pensada para a compreensão do paciente. Ela funciona como um mapa que orienta o trabalho a ser realizado. Os dados colhidos na conceitualização oferecem um panorama para a elaboração do tratamento. Ela reúne fatores de sete domínios:

  1. Diagnósticos e sintomas;
  2. Contribuições das experiências da infância e outras influências;
  3. Questões situacionais e interpessoais;
  4. Fatores biológicos, genéticos e médicos;
  5. Pontos fortes e recursos
  6. Padrões típicos de pensamento
  7. Esquemas subjacentes

Veja um exemplo do diagrama:

Erros cognitivos

Beck coloca que existem erros cognitivos na lógica dos pensamentos e outras cognições de pessoas com transtornos emocionais. As distorções cognitivas são maneiras distorcidas com que as pessoas interpretam as situações a que são submetidas. Elas podem ser entendidas como uma espécie de pensamentos sabotadores. E a interpretação da vida pode ser distorcida por esses erros. Conheça alguns deles:

  • Abstração seletiva: chega-se a uma conclusão após examinar apenas uma pequena porção das informações disponíveis.

    Exemplo: “Um amigo que me manda mensagem toda semana não me escreveu nesta semana. Isso significa que estou perdendo todos os meus amigos”

  • Maximização e minimização: a relevância de um atributo, evento ou sensação é exagerada. Exemplo: Uma pessoa com pânico pensa durante um ataque de pânico “Vou desmaiar, posso ter um ataque cardíaco.”

  • Personalização: eventos externos são associados a si próprio quando há pouco ou nenhum fundamento. Exemplo: Uma negociação na empresa em que o paciente trabalha não foi bem por fatores externos (economia mundial). Mas o paciente tem certeza que a culpa foi dele.

Por que você precisa se aprofundar na Terapia Cognitivo-Comportamental

Não tem como negar a importância da TCC no desenvolvimento de intervenções e protocolos e na consolidação da Psicologia como ciência. Além disso, junto com a psicologia comportamental, ela é a base para as chamadas terapias contextuais – ou de terceira onda.  De alguma forma, não conhecer os princípios básicos desta abordagem pode ser uma grande desvantagem para você como profissional, e em algum grau para o seu paciente também.

Se você deseja, de alguma forma, aprender os princípios básicos e as principais inovações te convido a conhecer o Psi do Futuro Hub. 


Conheça dois dos professores de Terapia Cognitivo da nossa plataforma:

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