Alguma vez você já reprovou em alguma prova ou não conseguiu um emprego que gostaria e ficou com medo de falhar novamente? Todos nós passamos por situações como essa, nem sempre iremos conseguir tudo que queremos e saber lidar com isso é muito importante.

Como lidar com o medo de falhar?

Saber lidar com as nossas falhas exige muita sabedoria, pois sempre tomamos uma decisão achando que aquilo era o melhor para nós, mas no fim, não era. E para pessoas que costumam ser muito autocríticas, o fracasso pode ser um grande fator desmotivador. Principalmente quando repetimos o nosso erro, e então surge o sentimento de culpa, mas precisamos entender que errar faz parte das nossas vidas, e que eles servem como aprendizagem.

O medo pela perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental

Da perspectiva de Beck (1998), o medo de fracassar novamente, pode nos impedir de começar algo novo, e sendo assim, perdemos a nossa força de vontade. Esse medo atrai a ansiedade e o sentimento de culpa, e com isso, o indivíduo não consegue aprender com o seu erro. E ao mudar o foco do nosso erro, de algo ruim, para aprendizado, o indivíduo sairá dessa situação mais maduro. 

O modelo de vulnerabilidade à depressão de Beck foi refinado para sugerir que as crenças que predispõem à depressão poderiam ser diferenciadas dependendo se a personalidade do paciente for primariamente autonômica ou sociotrópica. Indivíduos autônomos teriam maior probabilidade de se tornar deprimidos em decorrência de uma situação de ameaça à autonomia (por exemplo, uma percepção de falha pessoal) do que em decorrência de uma situação sociotrópica (por exemplo, perda de uma relação), e o contrário seria verdadeiro para indivíduos sociotrópicos.

Quando um indivíduo se sente ameaçado em falhar, as crenças nucleares “não sou capaz” começam a aparecer na cabeça do indivíduo. Segundo Clark, Beck & Alford (1964), essas crenças são duradouras de armazenamento de características genéricas ou prototípicas de estímulos, idéias ou experiências que são utilizadas para organizar novas informações de maneira significativa, determinando como os fenômenos são percebidos e conceitualizados. 

Quando elas se formam, podem influenciar na formação de novas crenças, modelando um estilo de pensamento e gerando erros cognitivos. Essas crenças podem fazer com que o indivíduo sempre tenha receio de tomar qualquer decisão, pelo medo de falhar e dos pensamentos automáticos distorcidos aparecerem novamente.

O medo e a ansiedade causada por ele

O medo de falhar pode resultar em uma ansiedade negativa, prejudicando e fazendo com que o paciente não reflita nos detalhes antes de tomar alguma decisão. E se a ansiedade se misturar com o sentimento de culpa, o indivíduo não conseguirá aprender com a situação. 

A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como patológicos quando são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, ou qualitativamente diversos do que se observa como norma naquela faixa etária e interferem com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo. Tais reações exageradas ao estímulo ansiogênico se desenvolvem, mais comumente, em indivíduos com uma predisposição neurobiológica herdada.

A maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não.

Como vencer o medo

Ao longo de todo tratamento, utiliza-se a abordagem colaborativa e psicoeducativa, com experiências específicas de aprendizagem desenhadas com o intuito de ensinar os pacientes a:

1. Monitorar e identificar pensamentos automáticos
2. Reconhecer as relações entre cognição, afeto e comportamento
3. Testar a validade de pensamentos automáticos e crenças nucleares
4. Corrigir conceitualizações tendenciosas, substituindo pensamentos distorcidos por cognições mais realistas
5. Identificar e alterar crenças, pressupostos ou esquemas subjacentes a padrões disfuncionais de pensamento

Em contraste com as terapias psicanalíticas, as sessões de TCC têm uma estrutura na qual o terapeuta cognitivo desempenha um papel ativo para auxiliar o paciente a identificar e focar em áreas importantes em que sente medo, propondo e ensaiando técnicas cognitivas e comportamentais específicas, e planejando colaborativamente tarefas entre as sessões. Um plano de tratamento para toda a terapia e a pauta para cada sessão são discutidos com o paciente.

O feedback dos pensamentos do paciente sobre a sessão em andamento e o tratamento como um todo é rotineiramente solicitado para criar a oportunidade de tratar e manejar quaisquer concepções equivocadas e mal-entendimentos que possam surgir durante a terapia. O terapeuta cognitivo precisa ser um bom estrategista para planejar procedimentos terapêuticos que tenham mais chance de produzir mudanças específicas para aquele determinado paciente.