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Modelo Cognitivo: O que é e como identificar

A terapia cognitiva comportamental é caracterizada pela influência do pensamento sobre a causa ou manutenção dos transtornos psiquiátricos, ela pressupõe o modelo cognitivo de compreensão dos transtornos psicológicos.

O que é o modelo cognitivo?

O modelo cognitivo foi um dos conceitos desenvolvidos por Aaron Beck que parte da hipótese de que as emoções, os comportamentos e a fisiologia de uma pessoa são influenciadas pela percepção que ela tem dos eventos. Não é a situação que determina o que a pessoa sente, mas como ela interpreta uma situação.  

Provavelmente você já passou por alguma vivência parecida com de outras pessoas, mas cada um teve respostas emocionais e comportamentais bem diferentes à mesma situação, com base no que cada um interpretou enquanto ocorria a situação.

Situação → Pensamento → Reação

EXEMPLO: Fernanda chegou em casa e viu a toalha de João em cima da cama, logo pensou que mais uma vez seu marido estava fazendo ela de empregada e desrespeitando-a, com isso ela começou a sentir raiva e extremamente chateada. Então, Fernanda decidiu ligar para João e tirar satisfação, ela estava muito alterada e o casal começou a discutir, mas no final ele relata ter tido uma urgência no trabalho e precisou sair às pressas de casa.

A forma como as pessoas se sentem emocionalmente e a forma como se comportam estão associadas a como elas interpretam e pensam a respeito da situação. A situação em si não determina diretamente como elas se sentem ou o que fazem, a sua resposta emocional é mediada pela percepção da situação.

Modelo Cognitivo: pensamentos automáticos 

O primeiro passo do Modelo Cognitivo é investigar os pensamentos automáticos, pois eles se localizam na parte mais superficial da estrutura cognitiva do indivíduo.

Os pensamentos automáticos são pensamentos que surgem espontaneamente, costumam ser rápidos e breves. Muitas vezes nem percebemos, sendo muito mais provável que estejamos conscientes da emoção ou do comportamento que se segue.

Como identificar pensamentos automáticos

A melhor maneira de você identificar o pensamento automático é se questionando “o que estava passando pela minha cabeça?” quando:

  • Você começa a se sentir disfórico 
  • Você se sente inclinado a se comportar de uma maneira disfuncional
  • Você observa mudanças angustiantes em seu corpo e mente 

Depois de identificarmos o pensamento automático precisamos avaliar a validade desse pensamento, se é real ou não. Mas de onde vem esses pensamentos? Eles vem de fenômenos cognitivos permanentes, mais conhecidos como crenças.

Modelo Cognitivo: crenças nucleares

Quando criança, desenvolvemos determinadas ideias sobre nós mesmos, sobre outras pessoas e sobre o mundo. As crenças nucleares tem a ver com as experiências que vivenciamos, e essas ideias se tornam verdades absolutas. 

Por exemplo, se uma pessoa não está entendendo bem uma matéria, pode ter uma preocupação parecida ao ter que estudar outra matéria. Pode surgir uma crença nuclear: “Eu sou incapaz”. 

Essa crença pode operar somente quando a pessoa está em um estado depressivo, ou pode ser ativada a maior parte do tempo. Quando ativada, a pessoa interpreta as situações por meio das lentes da sua crença, mesmo que a interpretação racional seja evidentemente inválida.

Modelo Cognitivo: crenças intermediárias

As crenças nucleares influenciam o desenvolvimento de uma classe intermediária de crenças, que são as atitudes, as regras e os pressupostos que são facilmente identificadas por afirmações do tipo “se…então” ou “deveria” e que abrem espaço para o surgimento de pensamentos automáticos

Por exemplo:
“Se eu não der conta de ser um bom terapeuta, eu não ganharei dinheiro” 
“Se eu fizer o relatório errado, serei demitido”

O curso habitual da Terapia Cognitivo Comportamental, portanto, envolve um ênfase inicial na identificação e modificação de pensamentos automáticos que derivam das crenças nucleares. O terapeuta ensina o paciente a identificar essas cognições que estão mais próximas da consciência e a ter distanciamento delas ao aprender que: só porque ele acredita em uma determinada coisa não significa necessariamente que ela seja verdade.

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