Neste artigo, abordaremos um tema que todos nós praticamos diariamente, mas nem sempre damos a devida importância: o sono. Apesar de sua relevância para a saúde e bem-estar, muitas vezes negligenciamos os cuidados necessários para garantir uma boa noite de descanso.

Discutiremos a importância da higiene do sono e como a adoção de hábitos saudáveis pode melhorar a qualidade do sono, proporcionando benefícios significativos para nossa saúde e qualidade de vida. Por meio da perspectiva da psicologia, pesquisas e neurociência, exploraremos como o sono afeta nosso cérebro e corpo, destacando a importância de hábitos de sono adequados.

As Fases do Sono

O sono humano é composto por várias fases distintas, cada uma com características únicas. Vamos nos aprofundar um pouco mais nas fases do sono:

Fase 1:  Esta é a fase de transição entre a vigília e o sono. Nesse estágio, o corpo começa a relaxar, e a atividade cerebral diminui. É comum sentir uma sensação de sonolência e pode haver movimentos oculares lentos. A fase 1 é geralmente de curta duração e representa cerca de 5% do sono total.

Fase 2:  Nessa fase, o sono se aprofunda um pouco mais. Os movimentos oculares param, a atividade cerebral continua a diminuir e ocorrem breves surtos de atividade elétrica cerebral chamados de complexos K. Além disso, ocorrem ondas cerebrais distintas, conhecidas como espigas do sono. A fase 2 é a mais prevalente ao longo da noite e representa cerca de 45-55% do sono total.

Fase 3:  Também conhecida como sono de ondas lentas ou sono profundo, essa fase é caracterizada por ondas cerebrais de baixa frequência e alta amplitude. Nessa fase, a atividade cerebral diminui significativamente, e o corpo começa a realizar processos de reparação e regeneração. O sono profundo é importante para a recuperação física e mental. Representa aproximadamente 10-15% do sono total em adultos.

Fase 4 (Sono REM):  O estágio REM (movimento rápido dos olhos) é onde ocorrem os sonhos mais vívidos. Nessa fase, a atividade cerebral se torna semelhante à vigília, e os olhos se movem rapidamente de um lado para o outro. O sono REM é crucial para o processamento de informações, consolidação da memória e regulação das emoções. Durante essa fase, ocorrem alterações no sistema cardiovascular e respiratório. O sono REM representa cerca de 20-25% do sono total em adultos.

Essas fases do sono ocorrem em ciclos ao longo da noite. Inicialmente, passamos por estágios mais leves (1 e 2), progredindo para o sono mais profundo (3 e 4). Depois disso, retornamos à fase 2 e, finalmente, entramos no sono REM. Um ciclo completo de sono dura aproximadamente 90 a 120 minutos, e normalmente experimentamos vários ciclos durante uma noite de sono.

É importante ressaltar que a qualidade do sono e a quantidade de tempo gasto em cada fase podem variar de pessoa para pessoa e ao longo da vida. Fatores como idade, saúde geral e outros distúrbios do sono podem afetar a distribuição e a duração das fases do sono em cada indivíduo.

Problemas Relacionados à Privação de Sono

De acordo com um estudo intitulado “The sleep-deprived human brain” publicado na revista Nature Reviews Neuroscience (2017), a privação do sono pode afetar negativamente o funcionamento do cérebro humano. A pesquisa sugere que a privação do sono pode levar a:

  • Diminuição da atividade cerebral em áreas responsáveis pela atenção, tomada de decisão e regulação emocional.
  • Aumento da atividade em áreas responsáveis pela fome e pelo desejo de alimentos ricos em calorias.
  • A privação do sono está associada a um maior risco de depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental a longo prazo.

Os autores do estudo enfatizam a importância de considerar o sono como uma necessidade fundamental para a saúde e destacam a necessidade de empregadores, escolas e outras instituições adotarem medidas para garantir que as pessoas tenham a oportunidade de obter a quantidade adequada de sono.

Benefícios de Dormir Bem

Durante o sono, o cérebro passa por uma série de processos cruciais para a manutenção da saúde física e mental. Entre esses processos, destacam-se:

  • Processamento de informações e memórias.
  • Regulação das emoções.
    Reparo e recuperação do corpo.
  • Eliminação de toxinas.
  • Regulação do ritmo circadiano.

Além disso, dormir bem pode melhorar a plasticidade cerebral, promovendo a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se adaptar e aprender coisas novas. Isso resulta em melhor desempenho cognitivo e emocional, fortalecimento das conexões neurais e consolidação da memória.

A higiene do sono também é fundamental para regular a produção de hormônios, como o cortisol e a melatonina, que desempenham um papel importante na regulação do sono e na manutenção da saúde em geral.

Portanto, a pesquisa ressalta a importância de adotar bons hábitos de sono para garantir o bom funcionamento do cérebro e do corpo. Isso inclui seguir as dicas mencionadas anteriormente, como estabelecer uma rotina regular de sono, criar um ambiente adequado para dormir, evitar atividades estimulantes antes de deitar e assim por diante.

A higiene do sono também faz parte dos tratamentos para distúrbios do sono, como a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I). Essa terapia visa ensinar os pacientes a adotarem boas práticas de higiene do sono em sua rotina.

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Conclusão

Lembre-se de que uma boa higiene do sono é essencial para a saúde e o bem-estar. Esperamos que essas dicas possam ajudá-lo a ter uma noite de sono tranquila e reparadora.

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Agora que você entende a importância do sono e como adotar hábitos saudáveis pode melhorar sua qualidade de vida, está na hora de colocar essas dicas em prática. Comece hoje mesmo a priorizar seu sono e colha os benefícios de uma boa noite de descanso!

Referências Teóricas

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Grandner, M. A., Hale, L., Jackson, N., Patel, N. P., & Gooneratne, N. S. (2012). Perceived racial discrimination as an independent predictor of sleep disturbance and daytime fatigue. Behavioral sleep medicine, 10(4), 235-249.

 

Irwin, M. R., Olmstead, R., & Carroll, J. E. (2016). Sleep disturbance, sleep duration, and inflammation: A systematic review and meta-analysis of cohort studies and experimental sleep deprivation. Biological psychiatry, 80(1), 40-52.

 

Kuhn, D. R., & Wolf, T. (2016). Keeping you awake or putting you to sleep: The impact of sleep on immune responses and viral infections. The Journal of Immunology, 196(6), 2601-2608.

 

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